Mercantilização turística da agricultura. Uma leitura das recomposições dos espaços rurais galegos

Abstract

As teorias académicas e a retórica governamental definem o agroturismo como uma modalidade turística localizada em quintas, gerida por comunidades labregas que comercializam produtos turísticos ligados diretamente com o mundo agrário. De acordo com isto, o agroturismo é implantado no território através de um eloquente discurso que o legitima como uma estratégia de diversificação estrutural da quinta e uma tática labrega de sobrevivência e «recampesinização». No entanto, esta tese revela que, na Galiza, a base agrária na qual se sustenta a oferta turística e a presença de comunidades labregas na sua gestão é ínfima. Desta sorte, o mundo agrícola não se mostra como um elemento territorial que vertebre a oferta, senão que emerge principalmente como uma fonte de alimentos para o refeitório turístico ou bem como um souvenir e uma paisagem decorativa de contemplação. Finalmente, neste trabalho confirma-se que a combinação agro-turística desencadeia processos de turistificação que alentam dinâmicas territoriais de marginalização, desativação agrária e descampesinização.