À mesa com o universoa proposta macrobiótica de experiência do mundo

  1. Calado, Virgínia Henriques
Dirixida por:
  1. Cristiana Bastos Director

Universidade de defensa: Universidade de Lisboa

Ano de defensa: 2012

Tribunal:
  1. João Barroso Presidente/a
  2. Mónica Truninger Vogal
  3. Jean-Yves Dominique Durand Vogal
  4. Elena Freire Paz Vogal

Tipo: Tese

Resumo

Este trabalho procura contribuir para a identificação dos processos através dos quais um produto social, a macrobiótica, se transformou numa proposta significativa de orientação no mundo. Centrando-se na génese e no desenvolvimento deste produto social, o trabalho atenta nos principais agentes envolvidos nesse processo social bem como às circunstâncias pessoais, sociais e históricas que levaram à sua difusão. Assim, centrando-se no fundador da macrobiótica moderna, Georges Ohsawa, e seguindo a sua trajectória de vida, procurar-se-á evidenciar de que forma uma visão do mundo germinada no Japão e de forte inspiração na tradição filosófica e religiosa oriental, circula pela Europa e pela América, sendo acolhida e apropriada como prática e discurso de orientação no mundo. Para evidenciar este processo, far-se-á referência a circunstâncias históricas e sociais específicas, designadamente as do pós-II Grande Guerra, procurando-se perceber o ambiente social que permitiu a expansão da macrobiótica. Aspectos significativos desse ambiente social são aqueles que se prendem com a crítica da modernidade, onde se inclui a crítica à ciência e às muitas realizações que dela decorrem: industrialismo, tecnocracia, materialismo, mas também o florescer de uma consciência ecológica, a que se juntou a atracção por novas formas de espiritualidade. Face ao desencantamento do mundo, a macrobiótica surgiu, para muitos dos que a seguiram, como proposta de reencantamento em torno da qual se desenvolveram sentimentos de pertença e de afinidade, suportados por redes de conhecimentos. Dado o espaço de identificação que a macrobiótica proporciona, é usada a noção de comunidade para pensar os indivíduos que a ela aderem. Comunidade desterritorializada, transnacional, instável e aberta, mas, ainda assim, espaço de identificação. Tendo sempre em conta a especificidade do espaço português, a macrobiótica será aqui perspectivada como cosmovisão que incorpora um sistema alimentar e um sistema terapêutico. Sistemas que se entrecruzam, e que nessa articulação se pensam como alternativa a sistemas alimentares e terapêuticos convencionais.