Impacto da fibromialgia na qualidade de vida relacionada com a saúdecorrelatos sociodemográficos, clínicos e psicológicos
- Pereira Campos, Ricardo
- María Isabel Vázquez Rodríguez Director
Universidade de defensa: Universidade de Santiago de Compostela
Fecha de defensa: 08 de outubro de 2021
- Elisardo Becoña Iglesias Presidente
- Marina Blanco Aparicio Secretario/a
- Luis Miguel Pascual Orts Vogal
Tipo: Tese
Resumo
A Fibromialgia (FM) é uma perturbação incapacitante crónica que gera um alto impacto na qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) dos pacientes. No entanto, o grau em que a FM pode afetar a QVRS pode variar em função do contexto sociocultural, do nível de cuidado de saúde em que são atendidos os pacientes, assim como das diferenças no perfil sociodemográfico, clínico ou psicológico que apresentam os enfermos. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da FM na QVRS dos pacientes atendidos em serviços especializados de Portugal, estimando o impacto na QVRS em função do nível de cuidado (secundário ou terciário) em que estão a ser tratados e identificando as variáveis sociodemográficas, clínicas e psicológicas com as que a QVRS se encontra relacionada. Levou-se a cabo um estudo observacional transversal no que participaram 134 pacientes adultos com FM e sem outras perturbações reumatológicas associadas. Em cada paciente recolheu-se dados sociodemográficos, de estilos de vida e antropomórficos, e dados clínicos, e avaliou-se a sintomatologia ansiosa e depressiva, as estratégias de enfrentamento e o suporte social. Para a avaliação da QVRS utilizou-se um questionário genérico e um questionário específico. Os resultados obtidos indicaram que a FM impacta de forma negativa a QVRS dos pacientes a nível físico, emocional e social, sendo a vertente física a mais afetada. Apesar do perfil de impacto ter sido similar em pacientes atendidos em cuidados de saúde secundários e terciários, os pacientes seguidos nos cuidados de saúde terciários revelaram um pior estado clínico, mais sintomas somáticos e psicológicos, e pior QVRS do que os pacientes seguidos em cuidados de saúde secundários. As variáveis que se associaram em maior medida ao impacto da FM na QVRS foram a dor e a fadiga fundamentalmente nas dimensões físicas, a ansiedade e o suporte social principalmente nas dimensões mentais, e a depressão quer nas dimensões físicas quer mentais, encontrando-se um relevante papel mediador das variáveis psicológicas avaliadas na relação entre os sintomas físicos dor, fadiga e sono e a vertente mental da qualidade de vida. Em conclusão, o estudo destaca o impacto negativo que a FM tem na QVRS dos pacientes, a importância de se determinar as potenciais diferenças existentes entre pacientes atendidos em distintos contextos de cuidados de saúde e informa do papel relevante que as variáveis psicológicas desempenham não apenas na variabilidade observada nos diversos indicadores da qualidade de vida, senão também na mediação da relação entre os sintomas físicos da FM e a vertente mental da qualidade de vida, pelo que a ansiedade, a depressão, as estratégias de enfrentamento e o suporte social devem ser sistematicamente considerados tanto na avaliação como na intervenção para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.