A história de Portugal nas aulas do 2.º ciclo do ensino básicoeducação histórica entre representações sociais e práticas educativas

  1. Dias Moreira, Ana Isabel
Dirixida por:
  1. Ramón López Facal Director
  2. Xosé Ángel Armas Castro Co-director
  3. Cristina Maia Co-director

Universidade de defensa: Universidade de Santiago de Compostela

Fecha de defensa: 23 de novembro de 2018

Tribunal:
  1. Luís Alberto Marques Alves Presidente/a
  2. David Parra Monserrat Secretario/a
  3. Cosme Jesús Gómez Carrasco Vogal
Departamento:
  1. Departamento de Didácticas Aplicadas

Tipo: Tese

Resumo

A tese de doutoramento intitulada “A história de Portugal nas aulas do 2.º ciclo do Ensino Básico: educação histórica entre representações sociais e práticas educativas” aborda as representações de professores e estudantes sobre a história e o seu ensino, o tipo de educação histórica que ocorre nas aulas daquele ciclo, bem como o seu contributo, ou não, para a formação dos alunos como cidadãos críticos e reflexivos. Estabeleceu-se, assim, como objetivo geral da investigação: identificar e interpretar os discursos e práticas dos professores alusivos ao ensino da história e as narrativas dos estudantes sobre a história de Portugal como elementos que permitem entender o que acontece nas aulas de história do 2.º ciclo do Ensino Básico. A dimensão conceptual que sustentou a investigação associou-se a três âmbitos: a teoria das representações sociais e a sua projeção no campo da educação; os contributos teóricos da pesquisa em educação histórica, particularmente os que dizem respeito ao desenvolvimento do pensamento histórico, à consciência histórica e à relação entre tal área e a afirmação da identidade individual e social; os estudos relativos à construção da identidade profissional docente, às conceções dos professores sobre a história e às suas práticas de ensino. Para a recolha de dados foram incluídos na pesquisa 6 professores de História e Geografia de Portugal no 2.º ciclo do Ensino Básico, em instituições de ensino públicas ou privadas e 91 alunos escolhidos por aqueles docentes numa sua turma de 6.º ano de escolaridade, ambos provenientes de 9 organizações educativas situadas nos seis concelhos mais povoados do distrito do Porto, no norte de Portugal. Os docentes intervenientes foram selecionados de modo incidental, a partir de um contacto pessoal e a sua participação aconteceu de forma voluntária. Os instrumentos de recolha de dados adotados também o foram pela interação próxima e direta com os participantes na investigação permitida: um inquérito por questionário aos alunos, uma entrevista aos professores e um guião de observação de aulas de História e Geografia de Portugal. Estas três opções consideradas potenciaram um certo efeito de triangulação dos dados coligidos. A análise dos mesmos, por sua vez, permitiu constatar que os agentes que participam no quotidiano das salas de aula elaboram e partilham representações sobre eles mesmos e sobre o ensino e a aprendizagem da história que por si, de uma forma ou de outra, são influenciados. Para a maioria dos estudantes do 2.º ciclo do Ensino Básico, a história não se afirma como contributo para o aprimoramento de atitudes ponderadas e questionadoras do mundo, mas é fonte de cultura geral e saber para a formação identitária individual. Há ainda quatro principais episódios da história do país que ocupam um lugar destacado nas suas representações: Fundação de Portugal, Descobrimentos, Ditadura do Estado Novo e Revolução do 25 de abril; e duas personagens demarcam-se das restantes: D. Afonso Henriques e Salazar. As suas narrativas históricas nacionais proporcionam um relato simplificado que se vai desenrolando desde a independência territorial, depois a expansão marítima, passando pelo desenvolvimento económico aquando da ditadura salazarista até à conquista das liberdades democráticas. Os docentes intervenientes na investigação evidenciaram a sua diversidade tanto ao nível da formação inicial vivenciada, como no que concerne às formas de entender a história e a sua função educativa, às práticas de ensino adotadas ou ao grau de satisfação face à profissão. Ana Isabel Moreira 2 A partir das entrevistas e das observações de aulas definiram-se três abordagens da prática de ensino da história: tradicional (de memorização), inovadora (de descoberta), crítica (de transformação). Naturalmente, reconhecemos que aqueles três enfoques assumidos não podem ser tomados como realidades independentes e distanciadas, antes caracterizadas pela sua inter-relação, ainda que de modo parcial. Além disso, sabemos que nenhum dos seis professores entrevistados se enquadra completamente, e em exclusivo, numa das abordagens definidas, mas tais categorias poderão distinguir-se como úteis para identificar os perfis profissionais dos docentes e as razões das suas práticas de ensino. Consideramos que os resultados alcançados com esta investigação favorecem um entendimento mais abrangente sobre o que vai acontecendo, em Portugal, particularmente no que se relaciona com a história presente nas aulas do Ensino Básico. Esperamos, ainda, que contribuam para a ampliação do saber já divulgado no âmbito da educação histórica, também com a intenção de se beneficiarem os processos de ensino e de aprendizagem das ciências sociais.