Seroprevalência de Dirofilariose (Dirofilaria immitis) na população canina e felina do concelho da Figueira da Foz, Portugalum risco para a saúde humana?

  1. Nobre de Matos Pereira Vieira, Ana Luísa
Dirixida por:
  1. Juan Jesús Gestal Otero Director
  2. Pablo Díez Baños Co-director

Universidade de defensa: Universidade de Santiago de Compostela

Fecha de defensa: 02 de decembro de 2015

Tribunal:
  1. Caridad Sánchez Acedo Presidente/a
  2. Rosario Panadero Fontán Secretaria
  3. Cristina Arias Fernández Vogal
  4. Natividad Díez Baños Vogal
  5. María Patrocinio Morrondo Pelayo Vogal
Departamento:
  1. Departamento de Psiquiatría, Radioloxía, Saúde Pública, Enfermaría e Medicina

Tipo: Tese

Resumo

A dirofilariose é uma doença parasitária causada por um nemátode da espécie Dirofilaria immitis (Leidy 1856), considerada uma antropozoonose pela Organização Mundial de Saúde desde 1979. A Dirofilaria immitis tem como vetores mosquitos dos géneros: Culex, Aedes, Anopheles, Mansonia, para completar o seu ciclo de vida. Os canídeos são os principais hospedeiros definitivos, mas também estão descritos felídeos, mustelídeos, primatas e até mesmo o homem. As dirofilárias adultas localizam-se na artéria pulmonar, podendo também afetar o coração direito e as microfilárias circulam no sangue. Apesar da sua longa história e da existência no mercado de métodos de profilaxia eficazes, a D.immitis continua a disseminar-se e a instalar-se em zonas consideradas não endémicas. Fatores como o aquecimento global, o aumento da população de mosquitos, o movimento de animais hospedeiros entre países e a abundância de reservatórios em animais selvagens têm contribuído para essa disseminação. Devido ao risco para a saúde pública, é de extrema importância conhecer a prevalência e distribuição da doença. Portugal é considerado um país enzóotico para a D.immitis e o concelho da Figueira da Foz, na região centro de Portugal, reúne as condições climatéricas e atividades sócio-económica que permitem o desenvolvimento do vetor e a disseminação da doença. O presente trabalho teve como objetivo determinar a prevalência e os fatores de risco da infeção por D. immitis em cães e gatos do Concelho da Figueira da Foz e avaliar o seu possível impacto na Saúde Pública. No período de Novembro de 2009 a Julho de 2012, foram recolhidas amostras de sangue de 304 cães e 100 gatos, obtidas de animais com mais de 1 ano de idade, que habitavam na Figueira da Foz, e sem história prévia de prevenção ou diagnóstico de dirofilariose. As amostras de sangue canino foram analisadas mediante exame direto de sangue, microhematócrito, Knott modificado, teste de pesquisa de antigénio ELISA Snapp ® Idexx. Quando houve microfilaremia foi realizada a técnica de coloração histoquímica por fosfatase ácida para identificar a espécie de microfilária. No caso de gatos, além das técnicas mencionadas, foi utilizado o teste de pesquisa de antigénio Snap® Feline Triple® Idexx e teste de pesquisa de anticorpo Heska Solo Step FH®. Sempre que se obteve um resultado positivo nos testes, foi realizada uma radiografia torácica, uma ecocardiografia e necrópsia. Constatou-se uma prevalência de D.immitis em 27.3% dos cães testados, sendo 74,7% das infeções microfilarémicas e 25,3% infeções ocultas. Através da técnica de coloração histoquímica pela fosfatase ácida, identificou-se 96,4% das amostras microfilarémicas como pertencentes à espécie D.immitis. Verificou-se ainda que 64% dos animais parasitados eram assintomáticos. Foram determinados os seguintes factores de risco: cães entre os 4 e 9 anos, de raça média, que vivam em zonas rurais, e que habitem no exterior, e cães de guarda e de caça. Constatou-se uma prevalência de D.immitis em 16% dos gatos testados, dos quais 16 obtiveram um resultado positivo no teste de pesquisa de anticorpos, e apenas dois foram positivos no teste de pesquisa de antigénio e em quatro gatos identificou-se o parasita adulto atráves da ecocardiografia. Não foram identificadas microfilárias pelo exame microscópio directo de sangue fresco e pela técnica de Knott modificada. O estudo também determinou que os gatos não esterilizados e com menor peso tinham maior risco de infeção. Os resultados deste estudo demonstraram, pela primeira vez, a prevalência elevada de dirofilariose canina e felina, na Figueira da Foz. Estes resultados reforçam a importância de um rastreio sistemático da doença, assim como a necessidade de prevenção dos cães e gatos desta área geográfica. Enfatiza ainda a necessidade de sensibilizar tanto os proprietários como os médico veterinários e profissionais de saúde, de modo a evitar a disseminação da doença parasitária delo país, minimizando o risco para a Saúde Pública e a necessidade de implementação de programas de controlo da parasitose.